Porque eles lucram com camisetas do tipo "Tudo é político quando você é uma mulher", mas são rápidos em cancelar uma mulher com uma opinião política diferente da deles
A marca El Cabriton (@elcabriton) fez o seguinte anúncio, se referindo à artista Mari Waechter:
Mari é uma ilustradora cujo "crime" é ser uma mulher que sabe que ninguém muda de sexo e que a política que permite a qualquer homem se declarar mulher, para qualquer fim, tem gerado vítimas.
A marca que atrela sua imagem a slogans como "respeita as mina" sequer entrou em contato com a artista para comunicar a decisão. Mari ficou sabendo que perderia mais essa fonte de renda quando conhecidas mostraram o story feito por El Cabriton.
Ou seja, a El Cabriton lucra em cima da ideia de que está do lado das mulheres, vendendo camisetas com frases de efeito, mas quando se trata de uma mulher real, se colocando politicamente a respeito de sua condição de mulher no mundo atual, a história é outra.
Na tirinha que gerou essa decisão pela marca, Mari ilustrou, em uma linguagem típica de vários cartunistas homens e, portanto, celebrados, situações que vêm de fato acontecendo.
Os inúmeros comentários xingando a artista, dizendo que nada disso jamais aconteceria e que ela é uma criminosa, apenas provam seu ponto e mostram a cegueira seletiva quando se trata dos direitos das mulheres.
Basta ver as postagens mais recentes da MATRIA, referenciadas em vários dos comentários na postagem da Mari, para ficar sabendo a que a tirinha se refere: o recente caso do indiciamento de funcionária terceirizada da UFPB, por ter questionado a presença de pessoa do sexo masculino no banheiro feminino.
Também basta uma pesquisa rápida para descobrir que está em curso no STF um processo solicitando que homens que se identificam como trans, com base em mera autodeclaração, possam dividir celas com mulheres em presídios femininos - e os casos de estupro e gravidez que ocorreram nos países onde isso já é permitido.
Importante reforçar que ainda vivemos em uma democracia, que o acórdão do STF sobre "homotransfobia" ressalta a todo momento a importância da liberdade de expressão e que não há crime em debater temas ligados ao avanço das políticas de "identidade de gênero". Nem quando é em tom ácido de tirinha.
O silenciamento em torno de temas tão relevantes para as mulheres é misoginia, pura e simples. Não há dado concreto que justifique toda essa comoção em defesa de um grupo de pessoas que a MATRIA demonstrou inúmeras vezes não ser tão vulnerável quanto querem nos fazer crer.
Façamos a partir de agora escolhas conscientes em relação ao que consumimos: marcas misóginas não merecem nosso dinheiro ou divulgação. A El Cabriton boicota os direitos das mulheres: o mínimo que podemos fazer é boicotar a marca.