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Orientações para comunicação baseada na realidade


Este documento é adaptado do documento "Guia de estilo de jornalismo" da Women's Declaration International (WDI-USA), que você pode acessar em: https://womensdeclarationusa.com/wdi-usa-journalism-style-manual/ 



A MATRIA tem o compromisso com uma linguagem baseada na realidade.


Somos mulheres críticas aos estereótipos sexistas, ao que é nomeado como "gênero" e, consequentemente, críticas à teoria queer. Essa crítica refere-se a rejeitar o pensamento de que qualquer um pode ser uma mulher, desde que "se sinta" mulher.


Nossa Associação está comprometida a trazer essa perspectiva para a sociedade civil e para agentes políticos. Estamos propondo conversas no ambiente virtual, por meio de redes sociais e encontros online, e de forma presencial, em fóruns, seminários, cursos e palestras.


Por esta razão, adaptamos este manual de estilo, no qual descrevemos os nossos princípios para escrever e reportar questões relativas às políticas de "identidade de gênero" que afetam principalmente as mulheres como classe sexual.


Estas questões, embora também possam afetar alguns homens, têm implicações muito mais profundas para as mulheres e meninas. De muitas maneiras, têm o potencial de ameaçar a nossa própria existência jurídica, a nossa segurança e a nossa participação na vida cívica e social. 


A linguagem utilizada no discurso em torno da ideia de "identidade de gênero" é de extrema importância para transmitir claramente a nossa mensagem. Se permitirmos qualquer diluição da linguagem que usamos para nos referirmos aos corpos sexuados ou para descrever a realidade compartilhada, comprometeremos não só a nossa integridade, mas também a base sobre a qual as mulheres conquistaram os direitos baseados no sexo. 


Por favor, use este manual para, como nós, se basear na realidade factual sempre que escrever ou falar sobre os temas ligados à "identidade de gênero" e como estes afetam mulheres e crianças.


Estamos fazendo política e política se faz com estratégia. Abaixo, seguem as diretrizes sobre como trazer esse assunto para debate. 


Você pode baixar as orientações aqui ou ler diretamente logo abaixo:





ORIENTAÇÕES PARA COMUNICAÇÃO BASEADA NA REALIDADE



TERMOS A SEREM EVITADOS E SUBSTITUIÇÕES SUGERIDAS


Para garantir clareza absoluta, use apenas termos e frases que tenham definições precisas e compreensíveis. Um alerta: jamais entre em um debate com foco em questões individuais. O objetivo não é ofender qualquer pessoa que acredite "estar no corpo errado". Articular a realidade da experiência das mulheres e as ameaças que a ideologia de "identidade de gênero" representam para nossos direitos exige que façamos declarações que sejam verdadeiras e que não criem uma impressão enganosa ou que deturpem a nossa posição. 


TRANSGÊNERO OU QUALQUER VARIANTE/DERIVADO: 

A palavra "transgênero" não tem uma definição universalmente aceita. Mesmo o grupo de pessoas que se autodenomina "transgênero" não tem e não consegue concordar com uma definição única e coerente. 

A palavra "transgênero", incluindo quaisquer de seus derivados ou variações, como "trans", "mulher trans", "homem trans", "transidentificado", nunca pode ser usada com exatidão ou credibilidade. Em vez dessas expressões, defina o que você quer dizer. Por exemplo:

EM VEZ DISSO:

USE:

pessoas trans

pessoas que afirmam ser do sexo oposto

mulheres trans

pessoas do sexo masculino 

homens (apenas se não for direcionada a um indivíduo em específico)

homens trans

pessoas do sexo feminino

mulheres (apenas se não for direcionada a um indivíduo em específico)


Se for necessário esclarecer que a pessoa em questão afirma "ser do sexo oposto", basta dizer. Por exemplo:

EM VEZ DISSO:

USE:

Mulheres trans estão sendo alojadas em prisões femininas.

Homens que se declaram mulheres estão sendo alojados em prisões femininas.

Atletas transexuais não são permitidos em times femininos.

Meninos que dizem ser meninas não são permitidos em times femininos.

Mulheres transgêneros estão solicitando serviços em clínicas femininas.

Homens que se dizem mulheres estão solicitando serviços em clínicas femininas.

Você acolhe mulheres trans neste abrigo para mulheres?

Você acolhe homens que se declaram mulheres neste abrigo para mulheres?

NÃO-BINÁRIO:

A mesma lógica de "transgênero" se aplica à palavra e à ideia de "não-binário". Não existe uma definição consensual e nunca poderá existir. As pessoas que afirmam ser "não-binárias" estão simplesmente rejeitando ambos os conjuntos de estereótipos baseados no sexo e, até certo ponto, essa definição inclui todos nós: não é possível se adequar a todos os estereótipos sexuais todo o tempo. Este termo, portanto, não pode ser usado de forma significativa. Quando necessário para esclarecimentos, além de se referir com precisão ao sexo de uma pessoa, acrescente que a pessoa nega estar em uma categoria de sexo. 

EM VEZ DISSO:

USE:

Sam, estudante não-binário, denunciou o Sr. João por assédio sexual.

Sam, estudante que diz não ser nem homem nem mulher, denunciou o Sr. João por assédio sexual.

GÊNERO:

O conceito de gênero é polissêmico e, portanto, pode se referir a coisas diferentes. O escritor às vezes quer referir-se ao sexo, e às vezes a estereótipos baseados no sexo. No lugar da palavra gênero, defina o conceito com referência ao sexo (capacidade reprodutiva ou biologia de uma pessoa) para maior clareza. 

EM VEZ DISSO:

USE:

A disparidade salarial de gênero ainda existe.

A diferença salarial baseada no sexo ainda existe.

O gênero é construído socialmente.

Os estereótipos baseados no sexo são socialmente construídos.

Inconformidade de gênero

Não conformidade com estereótipos baseados no sexo.

GÊNERO INCORRETO:

As pessoas que afirmam ter "identidades de gênero" geralmente dizem que é prejudicial para elas quando outros usam os pronomes correspondentes ao seu sexo. Também afirmam que as pessoas "erram" os pronomes dela. Na verdade, não há erro, visto que os pronomes existem para se referir ao sexo das pessoas. Esta é uma tática que tenta nos obrigar a falsear a realidade. Sempre se refira a todos pelos pronomes sexuais corretos. Se não for possível, use termos neutros, como "a pessoa".

EM VEZ DISSO:

USE:

Elu se chama Iris

A pessoa se chama Iris

IDENTIFICAR COMO:

O sexo não pode ser mudado. Independentemente da percepção de identidade de uma pessoa, ela é e continuará sendo mulher ou homem. Ao se referir a um homem que afirma "identificar-se como mulher", simplesmente se refira a ele como homem. Quando o esclarecimento for necessário, refira-se a ele como um homem que diz ser uma mulher. 


TRANSIÇÃO:

As pessoas não podem mudar de sexo, então não existe "transição" para o outro sexo. Em vez disso, quando as pessoas passam por intervenções médicas na tentativa de se aproximar do sexo oposto, elas usam hormônios do sexo oposto, fazem mastectomias ou cirurgias mutiladoras de genitais.               

EM VEZ DISSO:

USE:

Joana fez uma cirurgia afirmativa de gênero para masculinização da área peitoral

Joana fez uma mastectomia e retirou seios saudáveis

Igor fez uma cirurgia de redesignação sexual (neovagina)

Igor mutilou seu pênis para simular um canal vaginal invertendo a pele peniana para uma cavidade construída na região genital

DESTRANSIÇÃO, DESTRANSICIONAR:

Embora as pessoas que se autodenominam "destransicionadas" estejam ganhando as manchetes e chamando a atenção necessária para os perigos da medicalização, a palavra "destransição" dá credibilidade à ideia de que a "transição" é possível em primeiro lugar. Em vez de usar esse equívoco comum, diga "pessoas que não estão mais tentando simular o sexo oposto" ou "aquelas que pararam de medicalizar seus corpos". Ao se referir a alguém que parou de se medicalizar para aparentar ser do sexo oposto, a palavra certa para essa pessoa é “desistente”.

EM VEZ DISSO:

USE:

Camila, uma destransicionada, sempre praticou esportes.

Camila, que não está mais tentando simular ser de outro sexo, sempre praticou esportes.

CIRURGIAS AFIRMATIVAS:

É importante não usar eufemismos para disfarçar os horrores das cirurgias de alteração corporal realizadas em pessoas que tentam simular ser de outro sexo. Use termos médicos precisos, como mastectomia dupla eletiva, histerectomia, orquiectomia ou termos descritivos apropriados, como castração e mutilação genital, para descrever os danos permanentes causados ​​aos pacientes por procedimentos experimentais.   

EM VEZ DISSO:

USE:

Camila fez uma cirurgia afirmativa de gênero 

Camila removeu seus seios saudáveis 

Julio fez uma cirurgia de redesignação sexual

Julio realizou uma mutilação genital, removendo seu pênis saudável 

TRH (TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL):

A expressão "terapia de reposição hormonal" é imprecisa e enganosa. Na realidade, trata-se de uma prática perigosa, experimental e mutiladora que se dá com a introdução no corpo de hormônios do sexo errado, ou hormônios do sexo oposto. Use os nomes dos próprios medicamentos específicos, se conhecidos. Por exemplo: "homens que tomam estrogênio exógeno".


LGBT, LGBTQ, LGBTQIA+, "QUEER" etc.:

Qualquer fusão de pessoas atraídas pelo mesmo sexo com as "identidades de gênero" representadas pelas letras T, Q, I, A, etc. serve para deslegitimar e apagar o direito das pessoas atraídas pelo mesmo sexo de serem aberta e exclusivamente atraídas pelo mesmo sexo. Como existem apenas dois sexos, existem apenas duas maneiras de sentir atração pelo mesmo sexo. O T ("transgênero") indica pessoas que simulam ser do sexo oposto; portanto, por sua inclusão, as pessoas atraídas pelo mesmo sexo são obrigadas a considerar as pessoas do sexo oposto como potenciais parceiros sexuais. Aqueles que recusam sua inclusão são rotulados de fanáticos e "transfóbicos". 


O termo "gay", quando usado para incluir tanto gays quanto lésbicas, tende tanto a apagar as lésbicas quanto a sugerir semelhanças que não existem nas sexualidades e interesses políticos dos dois grupos.

Queer é uma palavra historicamente usada como um insulto contra pessoas atraídas pelo mesmo sexo. 


Todas as pessoas intersexuais (ou mais precisamente, pessoas com Distúrbios do Desenvolvimento Sexual) são homens ou mulheres, então as mesmas categorias de orientação sexual que se aplicam a todos os outros também se aplicam a eles. 


Ao se referir a pessoas atraídas pelo mesmo sexo, use termos precisos e não abreviados. Use como lésbicas, gays e bissexuais. 

 

TRANSATIVISTAS:

Este termo leva o leitor a pensar erroneamente que "trans" é uma espécie de movimento de direitos civis pelos direitos de um grupo oprimido. Para dar uma representação precisa, complemente a expressão frisando que são "ativistas dos direitos sexuais dos homens". Alternativamente, você pode usar a palavra "misóginos" para descrever o grupo que está tentando apagar os direitos e proteções das mulheres e crianças.


PESSOAS COM VAGINAS / PESSOAS QUE MENSTRUAM / PESSOAS QUE GESTAM:

Ninguém nasce no corpo do sexo oposto. Tem-se usado termos que alegam ser genéricos para poder contemplar pessoas que não rejeitam conjuntos de estereótipos baseados no sexo. No entanto, esses termos negam o sexo das pessoas e produzem a noção equivocada de que há a possibilidade de pessoas do sexo masculino exercerem funções fisiólogicas específicas do sexo feminino.


Todas as pessoas que têm vaginas, úteros e menstruam são mulheres ou meninas. Apenas mulheres e meninas dão à luz, são mães e são lésbicas. Todas as chamadas modificações "inclusivas" de linguagem, como "pessoas com útero", são usadas para apagar as mulheres como a classe de humanos com necessidades baseadas no sexo, que gestam e dão à luz a bebês. Simplesmente diga “mulheres” ou “meninas” quando se referir a lésbicas e mães. Por extensão, nunca use palavras ofuscantes como "leite humano" ou "pessoa que pariu", que apagam mulheres e mães da linguagem em torno da maternidade.

EM VEZ DISSO:

USE:

O governo criou uma política de dignidade menstrual para pessoas que menstruam

O governo criou uma política de dignidade menstrual para mulheres

Lu é uma pessoa não-binária gestante

Lu é uma pessoa do sexo feminino gestante


INCLUSÃO E DIVERSIDADE:

As palavras "inclusivo" e "diversidade" são cada vez mais usadas para se referir a políticas para aquilo que a mídia convencionou chamar de que “comunidade LGBT”, o que equivocadamente mistura a aceitação de pessoas com atração pelo mesmo sexo com a permissão para que homens entrem em espaços designados para mulheres, com base em uma suposta "identidade de gênero". Como as palavras "inclusivo" e "diversidade" normalmente têm uma conotação positiva, esse uso cria uma impressão enganosa de que tais políticas são benéficas. Em vez disso, descreva tais políticas com precisão, como invasivas e reacionárias

EM VEZ DISSO:

USE:

O governo tem uma política de diversidade e inclusão para grupos LGBT acessarem espaços de acordo com o seu gênero

O governo tem uma política que viola os direitos baseados no sexo e prejudica as necessidades de mulheres, maes, lésbicas e crianças


"TRANSFÓBICO":

Ao relatar controvérsias relacionadas a gênero ou "identidade de gênero", descreva com precisão as opiniões específicas dos críticos da ideologia de "identidade de gênero". Além disso, inclua evidências de tais declarações ou ações, em vez de apenas relatar que um indivíduo ou figura pública disse algo que foi considerado "transfóbico" por outros.

EM VEZ DISSO:

USE:

J K Rowling é transfóbica

J K Rowling afirma que mulheres e meninas tem direitos específicos baseados no sexo


USO DE QUALIFICADORES:

Não use "biológico" como complemento, como em "mulher biológica". Qualificar o sexo de uma pessoa acrescentando "biológico" implica que existe outro tipo de pessoa desse sexo. Basta usar a palavra precisa baseada no sexo para se referir a cada pessoa: mulher, homem, menina ou menino. 

EM VEZ DISSO:

USE:

Walter era um homem biológico mas hoje é uma mulher trans

Walter é um homem que acha que é mulher

Os banheiros devem ser separados pelo sexo biológico 

Os banheiros devem ser separados por sexo


CISGÊNERO, MULHER CIS, HOMEM CIS: 

Qualificar o sexo de uma pessoa adicionando "cisgênero" ou "cis" também implicaria na existência de outro tipo de pessoa desse sexo. Basta usar a palavra precisa baseada no sexo para se referir a cada pessoa: mulher, homem, menina ou menino.

EM VEZ DISSO:

USE:

Caio é um homem cis

Caio é um homem

Juliana é uma mulher cisgênera, pois se identifica com o gênero que nasceu

Juliana é uma mulher, pois é do sexo feminino 


PERSPECTIVA – NOMEANDO O AGENTE DAS AÇÕES:

Ao reportar a violência contra as mulheres evite usar voz passiva, que apaga os homens como perpetradores e obscurece a realidade. Coloque o agente das ações no papel ativo. 

EM VEZ DISSO:

USE:

A mulher foi estuprada por traficantes sexuais e deixada inconsciente na praia. 

Traficantes sexuais estupraram a mulher e a deixaram inconsciente na praia. 

A violência de gênero é um problema sério em nossa sociedade

A violência masculina contra mulheres é um problema sério em nossa sociedade


CORREÇÃO DE DECLARAÇÕES FALSAS:

É comum encontrar manchetes que confundem os leitores quanto ao conteúdo da matéria. Por exemplo, é comum os repórteres escreverem que um homem que diz ser mulher é "uma mulher" quando cometeu um crime hediondo, e que um homem que diz ser mulher é uma "mulher trans" quando foi vitimizado. Sempre descreva histórias envolvendo incidentes de violência masculina de forma consistente com este Manual. Identifique claramente o perpetrador do sexo masculino como homem (ou menino, no caso de menores) e refira-se aos homens como homens, usando os pronomes corretos. 



CONCLUSÃO


As palavras importam. Usar termos que correspondam à realidade é essencial para a garantia de direitos e para a proteção e dignidade humana. 


Os direitos humanos das mulheres e das meninas estão em jogo e devem ter precedência sobre quaisquer ideias indefiníveis ou sentimentos imensuráveis ​​que possam entrar em conflito com elas. 


A MATRIA mantém esta linha firmemente e não cederá a qualquer obscurecimento do significado das nossas palavras. Insistimos em comunicar a verdade exata como uma proteção necessária entre mulheres e meninas e aqueles que querem nos apagar da existência linguística e jurídica. 


As tentativas de falsear a realidade por meio de escolhas arbitrárias de palavras para desconectá-las da correta correlação com as pessoas fragilizam os acordos coletivos e a boa comunicação.


Esse guia pretende ajudar a evitar tais problemas. Use-o para garantir uma comunicação sem equívocos e sem sexismo. 




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