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O combate seletivo à misoginia pelo Ministério das Mulheres

“ENTREVISTA EXCLUSIVA”, lê-se no canto esquerdo da matéria do dia 09 de junho de 2024 do jornal O Tempo


“Ministra critica novo episódio de transfobia na Câmara: ‘Tortura permanente’ contra as mulheres. Cida Gonçalves avalia que a violência política de gênero no Congresso Nacional tem aumentado de forma significativa durante essa legislatura”

O título e o subtítulo acima resumem a triste realidade que as mulheres têm vivido desde 2023: a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, mostra que prioriza a pauta trans em detrimento das mulheres que seu Ministério deveria representar, equipara pessoas do sexo masculino que se autodeclaram trans a mulheres e reafirma seu compromisso com o entendimento de que é o conceito de gênero que norteia as políticas de seu Ministério.


A matéria foi publicada na mesma semana na qual a Ministra foi convocada à Comissão dos Direitos da Mulher para se explicar sobre o vazamento de áudios nos quais sua assessora, Malu Aquino, dizia que para o Ministério das Mulheres “mulher trans é mulher, sim”, entre outras afirmações que a Ministra se recusa a fazer publicamente.


Da mesma forma como o PT, partido do governo e da Ministra, se mobilizou para fazer parecer que sua presença na Comissão era mera visita de cortesia, para apresentar o trabalho do Ministério, a Ministra e a matéria do jornal O Tempo, se esforçam para distorcer o que ocorreu no dia 05 de junho.


“BRASÍLIA - A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, avalia que a escalada do discurso violento no Legislativo e um recente episódio de transfobia na Câmara dos Deputados evidenciam práticas que representam uma "tortura permanente", destinada a desmotivar a permanência das mulheres na política.

O caso mais recente envolveu o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que atacou Erika Hilton, parlamentar do PSOL-SP, durante uma reunião da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Na ocasião, Cida Gonçalves estava presente. Disse a ministra na entrevista exclusiva:

"Isso já é simbólico do que está sendo esse Congresso, de uma forma quase que de tortura permanente para que as mulheres não permaneçam [na política]. A atitude dos movimentos misóginos são, de fato, de violência, de grito, de verbo, de desqualificação".

A “mulher” a sofrer “tortura” e “misoginia”, segundo a Ministra e a matéria, seria assim Erika Hilton, pessoa do sexo masculino que se autodeclara trans. 


No mesmo dia, e também na frente da Ministra, Erika Hilton chamou a deputada Júlia Zanatta de "ridícula", "feia" e "ultrapassada", a mandou “hidratar o cabelo" e comentou "então pode sair assim louca, bagunçada, desajeitada", sob aplausos de sua claque.


Na entrevista da Ministra, no entanto, não há qualquer menção ao episódio ou repúdio a esse ataque e no título da reportagem a ênfase é na suposta "transfobia" direcionada a Hilton. O motivo para a acusação? Um deputado chamar sua atenção para o fato de que independente de qualquer atributo físico de Júlia Zanatta, “pelo menos ela é ela”. 


Ainda mais digno de nota é que que na mesma reportagem na qual diz que “a atitude dos movimentos misóginos são, de fato, de violência, de grito, de verbo, de desqualificação”, a Ministra saia em defesa a Erika Hilton que, em sua presença como em tantas outras ocasiões, utilizou-se exatamente de todas as formas tipicamente masculinas de ataques misóginos descritos por Cida Gonçalves:



A matéria termina questionando a Ministra sobre os planos do Ministério das Mulheres para combater a violência política de “gênero” nas eleições municipais deste ano:


"Queremos estabelecer um protocolo mínimo de proteção e referência. Quando alguém der entrada no CNJ, para onde encaminhar, como proceder, e com quem falar no Ministério das Mulheres nessa perspectiva. Assim, teremos ações concretas, pois esse é o papel do Estado brasileiro".

A ministra também destacou a importância de fortalecer candidaturas femininas, independentemente de partido:


"Precisamos apoiar as mulheres que se candidatam, independentemente do partido. O Estado não tem partido; estamos prontos para ajudar, apoiar e fortalecer todas as candidatas que sofrerem qualquer tipo de violência"

A falta de apoio à deputada do PL atacada em sua presença no dia 05/06/2024 demonstra o quão inverossímil é sua afirmação de apoio a “todas as candidatas que sofrerem qualquer tipo de violência”.


A interlocução do Ministério das Mulheres se dá, desde a sua criação, única e exclusivamente com as mulheres que estão 100% alinhadas ideologicamente com a política do atual governo, não admitindo qualquer dissenso ou questionamento: mulheres que sabem que são um ser humano completo, do sexo feminino, são continuamente silenciadas e vilipendiadas.


E esta sim é a maior violência política que o sexo feminino está sofrendo: a invasão de seus espaços (incluindo cotas eleitorais) por pessoas do sexo masculino, a interdição de qualquer debate a esse respeito e, em especial, o autoritarismo que exige de nós, com apoio do governo, total submissão a qualquer pessoa do sexo masculino que se autodeclare trans.


Mas não nos calaremos.



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