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NOTA DE REPÚDIO – Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social

Em 24/01/2024, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, na esteira de outros ministérios, divulgou campanha sobre dignidade menstrual e distribuição gratuita de absorventes nas farmácias populares.


A campanha, no entanto, como diversas outras deste Governo (incluindo a do Ministério das Mulheres sobre o mesmo tema), não menciona uma única vez as palavras relativas ao público-alvo de tal campanha: meninas e mulheres.



Como demonstram as imagens acima (alguns dos cards da postagem de instagram), a campanha é para “pessoas inscritas no cadúnico”, “pessoas com idade entre 10 e 49 anos” que sejam "estudante de baixa renda" ou estejam "em situação de rua" e para pessoas "que sofrem restrições pela falta de dignidade menstrual". Jamais é mencionado que apenas meninas e mulheres podem ter todas essas características.


Em que pese discurso atual de que o apagamento das palavras referentes ao sexo feminino serviria para inclusão daquelas que não se identificam com os símbolos da feminilidade, sabemos que tal manobra nada tem a ver com a pequeníssima parcela do sexo feminino que se autodeclara “homem trans”, “transmaculino” ou “não-binária”, que sabe perfeitamente ser do sexo feminino. 


A postagem acima inclui, no meio do card marcado como 2/5, foto de pessoa que exibe sinais atualmente associados à masculinidade (cabelo curto, boné, camiseta e colar "masculinos", barba rala) mas que, pelo tema da postagem, necessariamente é do sexo feminino. Sua inclusão na foto reconhece de forma inegável seu sexo o que, poderia-se inclusive argumentar, pode ser um doloroso gatilho de disforia para quem vive em conflito com seu corpo sexuado de mulher.


O objetivo do apagamento das palavras referentes ao sexo feminino é atender a desejos de uma parcela do sexo masculino que quer reivindicar para si a nomenclatura "mulher": apenas ao dissociar tal palavra de tudo que é exclusivo ao sexo feminino, como menstruar, gestar, parir ou amamentar, é que essa manobra linguística se torna possível. Através da mudança da linguagem (vide o mantra constante de "mulher trans é mulher"), o transativismo espera também alterar a percepção da população brasileira sobre algo inalterável: o sexo e o fato de sermos uma espécie dimórfica, como a maioria das demais espécies mamíferas.


Infelizmente há uma adesão total do Governo atual a essa ideia misógina de que mulheres não somos seres humanos completos do sexo feminino mas sim uma “identidade”, uma “performance”, um conjunto de “estereótipos” ou “intervenções estéticas” que poderiam ser adotados por qualquer um e, com esse tipo de postagem está trabalhando a serviço de interesses unicamente masculinos.


Tal constatação é especialmente chocante se considerarmos que o governo Lula se elegeu com base no voto de mulheres (e de pessoas pobres, com quem campanhas que usam termos recém inventados absolutamente não se comunicam). Em sua campanha, bem como na de seus aliados informais (como, por exemplo, o PSOL), foram criados comitês de MULHERES, mobilizadas MULHERES, sem qualquer menção a outra palavra que descrevesse tal grupo. A alteração que estamos vendo após a eleição configura, aos nossos olhos, estelionato eleitoral e abandono político de sua sua base eleitoral, com consequências que fatalmente serão sentidas no futuro. Ou o governo pretende se reeleger apelando para o voto das "pessoas que menstruam"?


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