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Especialista da ONU pede igualdade e proteção mais robusta para mulheres e meninas nos esportes

08 de outubro de 2024

Tradução por Andrea Nobre para a MATRIA



NOVA YORK – A violência contra mulheres e meninas nos esportes é uma questão séria e sistêmica de direitos humanos que exige atenção imediata em todos os níveis, disse hoje a Relatora Especial sobre violência contra mulheres e meninas, suas causas e consequências, Reem Alsalem.


"Mulheres e meninas nos esportes enfrentam múltiplas formas de violência, incluindo violência econômica, física, psicológica e online", disse Alsalem em seu relatório para a 79ª sessão da Assembleia Geral.


Alsalem especifica em detalhe as causas estruturais da violência contra mulheres e meninas no esporte, incluindo culturas dominadas por homens, sub-representação de mulheres em cargos de liderança e investimentos desiguais em esportes femininos; desafios que são exacerbados por formas interseccionais de discriminação, incluindo com base em sexo, gênero, idade, raça, religião e deficiência.


Alsalem também especifica em detalhe as barreiras sistêmicas que impedem mulheres e meninas de participar de esportes em pé de igualdade com homens e meninos. Isso inclui estereótipos sociais prejudiciais, sexismo generalizado no esporte, ausência de destaque a atletas femininas inspiradoras, compartilhamento desigual de responsabilidades de cuidado e acesso limitado a instalações de treinamento, infraestrutura e recursos.


Mulheres e meninas já têm muitos obstáculos acumulados contra elas que impedem sua participação igual e efetiva em esportes. Além disso, a capacidade de mulheres e meninas para praticar esportes em condições de segurança, dignidade e justiça foi ainda mais corroída pela intrusão de homens que se identificam como mulheres em esportes exclusivos para mulheres e espaços designandos (ao sexo feminino)

A Relatora Especial pede a criação de categorias abertas no esporte e a introdução de exames de sexo não invasivos, confidenciais e simples, quando necessário, para garantir a participação inclusiva de todas as pessoas nos esportes, garantindo justiça, segurança e dignidade para atletas femininas.


"A impunidade para perpetradores de violência continua generalizada, fomentando uma cultura contínua de silêncio e injustiça", disse Alsalem, acrescentando que as estruturas regulatórias autônomas de organizações esportivas geralmente priorizam a própria reputação e vitórias esportivas acima da conquista de justiça para as vítimas.


Ao mesmo tempo em que acolhe ações positivas tomadas por vários governos, órgãos esportivos e organizações da sociedade civil para melhorar a participação de mulheres e meninas no esporte, Alsalem urge que todos os envolvidos na área redobrem seus esforços na prevenção, nas ações judiciais e na condenação da violência.


A menos que (todos) os atores esportivos envolvidos se comprometam a tornar o esporte mais seguro e justo para mulheres e meninas, as sociedades não podem capitalizar totalmente seu próprio potencial para impulsionar a mudança social tão necessária: alcançar a igualdade de sexo e gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

A especialista: Reem Alsalem, Relator Especial sobre violência contra mulheres e meninas, suas causas e consequências.


Os Relatores Especiais fazem parte dos Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos, o maior órgão de especialistas independentes no sistema de Direitos Humanos da ONU. Os especialistas dos Procedimentos Especiais trabalham de forma voluntária; eles não são funcionários da ONU e não recebem salário por seu trabalho. Eles são independentes de qualquer governo ou organização e atuam em sua capacidade individual.

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